Relato de coincidência 02

No último post tentei tocar um pouco no assunto da ilusão. Eis que ao ler o livro Ensaios, de Michel de Montaigne, me deparo com um trecho onde o mesmo aborda um pouco sobre o tema. Como fiz anteriormente, vou deixar o trecho transcrito aqui apenas pra constar. (os negritos foram por minha conta para ressaltar alguns termos) =)

“Que há então que seja realmente tal qual o vemos? Somente o que é eterno, isto é, o que nunca teve começo e não terá fim; o que não muda sob o efeito do tempo, pois o tempo é móvel e surge como uma sombra arrastando consigo a matéria fluida, instável, sempre em transformação. Ao tempo se aplicam estas palavras: ‘antes ou depois’, ‘foi ou será’, as quais já mostram à evidência que não se trata de uma coisa que é, porque seria tolice dizer que algo que ainda não é ou já não é mais. A ideia que temos do tempo exprime-se nestas palavras: ‘presente, instante, agora‘, as quais parecem constituir-lhe a base. Mas que a razão se detenha nela e de imediato o conjunto rui; desde o primeiro instante a razão o destrói, repartindo-o em passado e futuro e recusando-se a aceitar qualquer outra divisão.”

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